Mais uma vez o inquilino cessa o contrato como de costume, sem aviso prévio.
A antiga moradora deixou tudo quebrado. Mais uma daquelas pessoas negligentes que mal cuidam de suas próprias coisas, quem dirá das dos outros.
O telhado do coração foi rachado, há goteiras de saudade em todos os cômodos, e quando há tempestades de ausência, alagam-se tudo de tristeza.
O dono do coração, com muita polidez abriu a porta, meio ressabiado, mas o sorriso e as doses de atenção já fora o suficiente para pôr-se em aluguel novamente, concedendo-a chave. E foi-se instalando... Aconchegou-se confortavelmente, porem aos poucos deixando de cuidar da sua fugaz morada.
Eis que o inquilino deixou de ouvir as batidas daquele coração, e então ele deixou de entoar a orquestra que o fazia pulsar de alegria simplesmente por aluem ô habitar. E a história só declina...
O coração então percebeu.... Ele anseia por alguém que não aja pela carência, os intitulou de peregrinos da paixão, que vivem de aluguel em aluguel, estragando os cômodos com seus modos rudes de ser, e por comodidade encerram o contrato quando bem entendem e partem para outros corações, que se sujeitam a este frívolo contrato por conta do desejo de encontrarem alguém que lhes comprem.
Forasteiros sem alma que alugam os pobres corações para passar temporadas, apenas.
De tantos contratos quebrados sem rescisões, ladrilhos estilhaçados, tetos rachados, janelas quebradas.... quem faz morada fixa é a saudade, que não vai embora e acaba tornando-se um fantasma que assusta possíveis compradores. Que dilema....
Comentários
Postar um comentário