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Mostrando postagens de maio, 2016

Um relato sobre a morte

Ao chegar, ainda cheirando a álcool, prontifiquei-me a ser irmão mais velho do Santana. Seus olhos fundos, avermelhados, refletiam a escravidão que passara por toda sua breve vida de 45 anos. Santana não sabia, mas estava em seus últimos momentos na terra. Arrependido e disposto a tomar um rumo diferente, seu estilo de vida já havia determinado seu estilo de morte. Eu também não sabia que aqueles eram meus últimos momentos ao lado dele, apesar de em teoria ter conhecimento que a retirada abrupta do álcool é violenta e às vezes fatal. Logo após alguns dias eu iria prestar minhas ultimas homenagens em seu velório. Como diria Nando Reis, " A vida é mesmo coisa muito frágil, uma bobagem, uma irrelevância..." Indignado com o ponto critico que aquele caminho que escolhera fez em sua vida, sua vontade, apesar de tardia, era verdadeiramente de contemplar a alvorada de um novo rumo. O choro e as lágrimas foram involuntárias. O coro plangente dos familiares se somava

One and only

De tudo que nasce e morre, o brilho que nem mesmo o fim pode apagar dos seus olhos se tornou a estrela que morreu, mas continua a brilhar no céu de minhas lembranças. É um prazer esvanecer ao lado seu... Como uma luz sobre o breve crepúsculo que a vida é. Tu iluminas as coisas e fez nascer uma vontade de tentar tudo de maneira diferente. Se soubesses dos planos que meu coração tem pra te ver sorrir, decerto ficaria para ver o porvir.

Doutor, por favor!

Doutor, por favor, meu cérebro não é meu fígado. Na bula do teu remédio há dúvidas...   Como pode ser tão rude? Esse medicamento...  Ah... será consequência dele a paz que enjaula a ansiedade de estar privado da liberdade? Todos os dias me visto de sorrisos, hora ou outra simpatia,  tentando sobreviver a tudo isto com alegria.  Falsa fantasia. No torpor das relações,  acostumei-me em não ser lembrado. Caprichos do ego... Há noites em que me pergunto onde estaria você... Ecoa dentro de mim tais perguntas,  O som viaja e se propaga. Ninguém responde. Algumas pessoas cantam,  outros se afastam, muitos choram sozinhos.  Como pode?  Vidas destruídas. Quilos de pessoas esmagados por gramas.  Gramas que aprisionam.

Eu te odeio! Mas te quero tão bem...

Ela parecia um anjo sobre mim naquele amanhecer de dia. Sua respiração ofegante e meu corpo sendo tomado pelos instintos... Meu pensamento em seus olhos claros... Lendo atentamente suas expressões faciais de prazer... Ela não sabe, mas é todo o sentido para mim. Ela se cansa, eu dou-lhe um sorriso. Ela se deita ao meu lado, me viro para ficar próximo ao seu ouvido. Digo-lhe sussurrando que a amo... Ela não ouve...  Ela vai embora... Eu volto para lá. Aquelas quatro paredes testemunharam o conceber de uma vida. Agora está tudo tão vazio. Deito sozinho e começo a chorar. Essa vida não tem sentido! É certo que tenho embaralhado minha memória, mas as lembranças tornaram-se ilusões. Impossível montar as peças do que já foi o presente um dia. Será que foi assim? Ah.. tudo aquilo foi no mesmo dia? Quantos acontecimentos... quanta imprudência... quanta excitação! Tenho processado o tédio da maneira habitual. Porém, devido aos acontecimentos, tenho sentido muita vontade d